segunda-feira, 18 de julho de 2005

Trecho 2

Uma flor desabrochava ao amanhecer na água do tanque e enchia o jardim com um aroma almiscarado, tão intenso e penetrante que até os peixes e os patos pareceiam desfalecer. À noite, a flor muitas vezez murchava, mas o aroma perdurava. Cada vez mais fraco, porém nunca desaparecendo por completo. Dias mais tarde, o perfume do lótus ainda pairava no jardim. Passavam-se os meses, uma abelha pousava perto do lugar onde o lótus florescera e sua essência desprendia-se outra vez, momentânea mas inconstestável.
(...) Também é assim com as pessoas que são amadas. Basta algo insignificante como um som, um nome (...) para trazer de volta os incontáveis sorrisos e lágrimas, suspiros e sonhos de uma vida humana.
(Trecho do livro A Tenda Vermelha, p. 377)
Fonte:
DIAMANT, Anita. A tenda vermelha. Rio de Janeiro: Sextante, 2001. 377 p.
Mustafás literários!

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