quarta-feira, 2 de março de 2005

"Quero uma rede preguiçosa pra deitar"*


Preguiça é aquilo que dá na gente que a gente nem quer pensar pra não cansar o cérebro. É aquela vontade de ficar parado e de preferência de olhos fechados. Hoje é um dia que eu estou com preguiça até de escrever... Porque escrevo? Porque o instante existe. Para poder ao menos lembrar de minha amiga Cecília Meireles. Só por isso, porque se o mundo fosse acabar hoje eu queria que acabasse em minha cama, para eu poder morrer deitado...
Tenho preguiça de segunda-feira, de acordar cedo, de dobrar o cobertor ponta-com-ponta e esticar a cama (não entendo muito essa vida repetitiva, que Carlos Drummond de Andrade chamou de “eta vida besta meu Deus”) e de abrir os olhos pra poder jogar água na cara quando é de manhã... Tenho preguiça de entrar em ônibus lotado, de engarrafamento, de caminhar longas distâncias e esperar fila de banco... Tenho preguiça de pegar outro pote de margarina quando abro a tampa do outro e vejo que acabou, de ferver leite e de limpar fogão quando deixo ele derramar... Tenho preguiça de subir escada de shopping e tenho preguiça do shopping inteiro também: as lojas são todas iguais, tudo é caro igual e meu dinheiro é inversamente proporcional a careza das coisas... Tenho preguiça de dinheiro também, nunca dá pra nada não é mesmo? Tenho preguiça de música clássica, de missa longa e de saudade de gente que mora longe de mim...Sou preguiçoso assumido e se fosse morrer de repente levariam uns 90 dias ou mais...
Mustafás baianos a todos!
*Versos de "A majestade, o sábia", me recuso a dizer de quem.

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