Fatos curiosos me levam a acreditar na frase que meu irmão sempre repete: “o estilo ninguém compra”. Sempre acreditei que o dinheiro não era capaz de comprar tudo na vida, tenho certeza disso, a morte é o mais simples, mas não o único o exemplo. Mas não concordava com o fato do dinheiro não poder comprar bom gosto, ou seja, o que o meu irmão chama de estilo. Nesse final de semana constatei que estilo é uma coisa nata, nasce com a gente, se o dinheiro compra ou não eu continuo não sabendo ao certo.
Sábado, realizando meus trabalhos voluntários, após a chuva estava conversando com Fabrícia, uma das crianças que freqüenta a biblioteca da vila e que não deve ter mais que seis anos, e perguntei a ela porque ela estava descalça pisando no molhado. Ela me respondeu que as sandálias dela haviam arrebentado. Eu então prometi que na próxima semana eu traria sandálias novas de presente. Ela mais que depressa me disse que queria sandálias da Barbie.
Domingo, estava parado no sinal quando comecei a ouvir a conversa de dois mendigos. Eles estavam indignados com o preço da TV a cabo.
Uma rápida pesquisa na Internet me deu alguns números que me impressionaram um pouco menos do que os fatos que relatei, mas não me impediram de levar um susto. Na Directv, por exemplo, o preço varia entre R$69,90 (98 canais) até R$94,90 (122 canais). Sandálias da marca Barbie tem seu preço em torno de R$20,00 a R$40,00. São preços módicos até que se imagine alguém que ganha um salário mínimo (R$260,00) desembolsando tais quantias.
O que leva uma criança que nem sequer tem casa, roupas, alimentação e educação adequadas a escolher uma sandália de marca? O que levam mendigos que não têm camas para dormir, muito menos televisão, a discutir sobre o preço da TV por assinatura? Só pode ser o estilo. O fato deles não terem dinheiro não significa que eles não saibam o que é realmente bom, elegante, de qualidade... O fato de não serem os alvos preferenciais da publicidade, não significa que eles não sejam atingidos pelas campanhas comerciais, que não tenham críticas a respeito dos preços abusivos do mercado e que não possam emitir opinião (e desejar!) sobre o mundo dos produtos e do consumo.
São pobres sim, mas com estilo. Eles não têm dinheiro. É, o dinheiro não compra o estilo mesmo.
Mustafás estilosos a todos!

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