quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Sobre palavras e números...

Ontem perdi o sono e usei o tempo em que estava olhando para o teto no quarto escuro para lembrar da minha infância. Tinha assistido a um documentário no GNT.doc sobre crianças na escola. Tentei pensar, tentando assim encontrar o sono perdido, sobre o que eu gostava ou não na escola até a 4a. série.
Descobri que a coisa que mais gostava eram os ditados. Todos eles! Os da D. Eliana, os da D. Olga, os da D. Laíz e os da D. Cidinha... Preferia então aqueles em que, além de frases, tínhamos que colocar a pontuação. Sempre gostei das palavras e dessa magia que as une e desses instrumentos que servem para que a gente consiga respirar: a pontuação! Lembro da D. Ruth ouvindo nossas leituras e tentando advinhar se nossas pausas e respirações estavam no lugar exato. Foi a primeira vez que ouvi as palavras "entonação" e "fluência".
Descobri também que a coisa que menos gostava era a conta de dividir. Não que eu já fosse egoísta nessa época. Talvez já fosse. Mas o problema era a Matemática. Tabuada minha mãe já tinha me ensinado a decorar... Diminuir e somar não representavam, para mim, grandes dificuldades... Mas divisão, nossa! E aqueles números que tinham ponto e depois vírgula!? Sempre achei que pontuação tinha que pertencer somente às letras. D. Laiz chamou até a D. Sônia uma vez na sala para ver se colocava na cabeça da gente como é que se dividia os números... Fiquei ligeiramente preocupado, achando que o motivo era eu, de ter que chamar outra professora para ensinar. Depois perdi esses escrúpulos. Não era. Só a Liliu conseguiu entender a divisão de primeira. Mas um tempo depois acostumei-me a errar as contas de divisão e não me sentir menor. Era gosto de cada um. "Meu primo só entendia matemática, eu, só português", era o que corria nos corredores da casa da Vó Anita. Depois veio "os nove fora" e a Matemática se tornou, para mim, até divertidinha...
Eu morria de medo de repetir de ano e perder todos os meus amigos e não conseguir fazer nenhum na outra sala...
Mustafá!

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