terça-feira, 8 de março de 2005

Dia da Mulher


Hoje é dia das mulheres. Parabéns. Cumpri o protocolo, mais nada, não posso fazer mais que isso.
Discordo dessas datas comemorativas. Quando não são meramente comerciais, tentam suprir algo que falta para uma “minoria” (entenda-se inclusive uma maioria desprivilegiada). Não existe dia “da mulher bem-sucedida”, existe o dia da mulher que ainda luta pelos seus direitos, que ainda é um objeto, que são “popozudas”, “cachorras” e “turbinadas” nos programas enfadonhos de domingo, que não podem sequer decidir se serão prostitutas reconhecidas profissionalmente. Não existe o dia do “Índio que não teve suas terras confiscadas e seus costumes protegidos”, existe o dia do índio subjugado. As outras datas comemorativas (dia das mães, dos pais, das crianças etc. etc. etc.) alimentam o mercado.
No ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, iniciou-se um incêndio, e cerca de 130 delas morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher", data do fatídico acontecimento acima narrado. Para mim, o fato é mais uma prova que esse dia é um acerto de contas com um passado de opressão, omissão, injustiça. Uma maneira torta de reparar danos irreparáveis!Há um sério problema com aqueles que precisam de uma data especial para ter seus direitos repensados e eu não posso ser conivente com isso.
Mustafá!

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