segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Veias da mata

Chico Mendes, morto em 1988 em defesa da Amazônia e Dorothy 2005, o mesmo destino.

“A freira norte-americana Dorothy Stang, de 76 anos, foi assassinada a tiros na madrugada deste sábado por um pistoleiro em Anapu, no sudoeste do Pará”. Essa notícia*, que agora já corre os jornais de todo o país e grande parte do mundo, choca-me não só pela crueldade com que muitas vidas humanas são tiradas, mas pelo fato de ser a constatação de que, cada vez mais, são poucas as pessoas que lutam por um país melhor e grande é a população que extrai o que pode e o que não pode de nossas terras em benefício próprio não se preocupando com as gerações futuras.
Aconteceu com Chico Mendes (o líder sindical que lutava contra a escravidão nos seringais e o desmatamento da selva e, após inúmeros conflitos e intrigas, foi morto cruelmente por grileiros); aconteceu com vários outros Chicos-Mendes espalhados pela Amazônia anonimamente, que não se importaram em ter suas vozes caladas e assim mesmo gritaram; acontece agora com Dorothy, católica que dedicou os últimos trinta anos à defesa dos sem-terra e à preservação da mata e acontecerá com outras Dorothys que se arriscarão em defesa do ar que respiramos.É preciso pensar que sem Chicos-Mendes, sem Dorothys da vida, perderemos dia a dia o pouco de sangue da natureza que corre em nosso país. É preciso, mais do que constatar, punir os criminosos (que derrubam as florestas) e os coronéis que se apossam da mata e da vida dos que escolheram se abdicar de suas vidas para cuidar das veias da mata.
Mustafás indignados!
*Frase extraída da notícia on-line do Estado de Minas.

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