Não é sempre que ando com notas de dinheiro altas no bolso (entenda-se notas de 10 e 20 reais, no máximo!), e evito pagar itens de valores baixos com essas notas e nem dou uma de “Migué” querendo trocar o meu dinheiro, só quando é inevitável.
Ontem vinha eu tranqüilamente do trabalho, pensando na vida mais ou menos, quando, ao entrar no ônibus e pagar a viagem, percebi que só tinha uma nota de 10 reais, filha única de mãe solteira. Cordialmente - sobrava-me ainda bom humor - pedi desculpas para a cobradora e entreguei-lhe minha nota para que ela descontasse a passagem.
Lembram da apresentação daquela novela das sete “Olho por olho” (ou alguma variação disso)? Pois bem, a cobradora me olhou com um ódio, no fundo dos meus olhos que tenho certeza que três gerações que me seguirão sentirão os efeitos daquela olhada fulminante. Faltaram aqueles raios que Nico Puig e Patrícia de Sabrid trocavam na abertura da novela. O que ela queria? Que meu salário viesse em moedas de um real, cinqüenta centavos, dez centavos e cinco centavos? Seria mais cômico ainda receber vários “um-e-sessenta-e-e-cincos”. Saraiva ela não? Tolerância zero com meus mízeros dez reais...
Mas é sempre assim, fica eu preso na roleta com cara de criminoso só porque me dou o luxo de, uma vez na vida, ter uma nota maior para pagar a passagem, o cobrador com aquela cara de “você acha que minha vida é fabricar moedas?” e todo os outros passageiros com aquelas caras de quem nunca cometeram tal crime... Como se fossem meu júri...
Faço um apelo ao sindicato dos trocadores (não sei bem porque eles recebem esse nome) dêem uma injeção de paciência a essa classe que sofre com a insalubridade desse trabalho eu sei, mas que me faz ficar com cara de aproveitador e me deixa numa situação constrangedora.
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