quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Converso com a chuva que cai


Sentado aqui olhando-a penso o quanto mudei desses tempos pra cá. Vida tempestade. O quanto passei a sorrir de verdade e chorar sentido, sabendo o motivo. Cai chuva e lava o tempo estranho.
E nessa enxurrada leva aquelas lembranças que não cicatrizaram na memória e que não completam o álbum das figuras colecionadas da vida.
Eu falo pra chuva que cai que não importa mais o que aconteça, agora tudo está claro, como bonança. Como se o meu destino fosse o oposto dela. As nuvens se dissiparam e agora eu me entrego...
E faço raios também, como que de felicidade. E trovejo, para dizer pra todo mundo que a vida então é completa e verdadeira. Em cada sorriso medido, em cada lágrima pesada, o sentido... Eu comecei chovendo mancinho e anunciei tromba d'água. E minha vida agora é enchente. Transborda.
Dos baldes que paravam as águas das goteiras sobraram as cores. A água que minava virou cachoeira fria e arrepia o último fio de todos os cabelos e me faz sorrir, como criança ao desembrulhar presente.
Eu sou chuva como você chuva. E faço sentido ao me recolher, para deixar que o sol se abra em broto de planta e em sede, para depois fazer motivo a minha volta.
E volto sempre. Hoje mais sem estação que antes. E toda hora é hora de chover, como você.
Se há estiagem é porque viver também cansa. Se há tormenta é porque influencio esse mar que chamo vida!
Mustafá!

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