Eu sou o que havia de melhor e pior em meus pais. É natural, por isso os perdôo e não me culpo; por isso rio e choro com dignidade.
Eu sou o que venho recolhendo aos poucos pelos lugares que visito com os pés, com a alma e com a mente, por isso ainda não cheguei a mim.
Eu sou aquela reta torta e não sei me escrever nela, por isso não me apago.
Eu sou aquilo que desconfio e suspeito, por isso duvido.
Eu sou aquilo que impressiona àqueles que me ouvem, por isso não me dou ouvidos.
Eu sou aquele que magoa e machuca, por isso não me cicatrizo.
Eu sou aquilo que berro e, ao mesmo tempo, aquilo que é silêncio no travesseiro, por isso sonho.
Eu sou aquilo que falam, que sussuram, que comentam, que questionam, por isso sou notícia, mesmo que me importe somente aquilo que não cala dentro de mim.
Eu sou um rompante, mas desabo muitas vezes naquilo que chamam solidão, por isso me exponho.
Eu sou o tempo, por isso anoiteço e faço tempestades dentro de mim.
Eu sou aquela lágrima que escorre até a metade da face, por isso estou inteiro.
Mustafá!
OBS.: Escrevi esse texto no final de 2004. Achei ostrodia, quando arrumava meus docs...
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