Estava pensando com meus botões: por quê sempre me perguntaram o que eu queria ser quando crescesse e não quem eu queria ser quando crescesse? A resposta seria diferente, provavelmente a minha vida teria sido diferente... Eu poderia ter escolhido a mesma profissão, mas, com certeza, seria outro profissional, caso tivesse pensado mais em quem do que em quê.
Eu poderia ser uma pessoa melhor, conhecedor de meus limites, mas ao invés de olhar pra dentro, passei grande parte da minha adolescência folheando guias de estudantes para saber qual profissão melhor se encaixava em mim. O caminho foi o inverso.
Nossos pais (e também os pais deles!) nos ensinaram a pensar sempre no futuro como algo distante, perigoso e para o qual teríamos que estar preparados. Estar preparado significava, na maioria dos discursos que ouvimos, em ter dinheiro para poder constituir uma família e repassar para os filhos a questão: o que você vai ser quando crescer? Assim a vida continua num ciclo de medo, em que se pensa na realização pessoal como sendo algo atrelado à realização profissional. Se você tiver um bom emprego você será alguém feliz. Se você é alguém feliz é porque, provavelmente, tem um bom gargo na firma, um monte de gente trabalhando sob suas ordens e uma conta bancária que atende tanto as suas necessidades quanto aquilo que é, por você, considerado supérfluo. É um ciclo que só vem confirmar os ideais capitalistas de "sei-lá-quem", mas que vem também confirmar que, muitas vezes, podamos alguns sorrisos com um amor novo, uma amizade maluca ou um copo a mais de bebida num bar, porque nos preocupamos demais com as contas do fim do mês.
Isso é porque pensamos em quê queriamos ser e não em quem. Isso é porque depositamos nos bancos não o nosso dinheiro, mas o nosso futuro.
Se começarmos a pensar em quem queremos ser, não existirão mais contas-poupança, não pagaremos mais seguro-saúde. Também não haverá gastrite e nem dores de cabeças.
Bom findi!
Mustafá!
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