terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Palavras que a palavra tem


Palavras... Palavras me encantam desde quando eu era criança... Foi minha tia (a Titia) que me ensinou a gostar das palavras... Ninguém nasce gostando de nada, só sabe que gosta depois que experimenta. É preciso experimentar as palavras, falá-las, lê-las bem alto como se o mundo fosse acabar em um turbilhão delas...

Minha tia desenhava com minha mão as letras e me apresentava, uma a uma, as palavras. Foi ela que me apresentou a palavra envelope. Bastei eu conhecê-la para sair logo usando. A partir daí tudo ia para um envelope. Envelope.

Alguém já ouviu falar em neurastênica. Significa nervosa, irritada... Minha avó sempre usa essa palavra. Palavra antiga, que diz menos hoje quanto dizia há um tempo atrás.

Palavras perdem significados quando são usadas a esmo, como é o caso da palavra amor. Palavras perdem o sentido quando são ditas depressa e sem ponto-e-nem-vírgula. Palavras parecem significar muito mais quando são gritadas e se falam o que a gente não queria ouvir. Palavras envelhecem... Como neurastênica, graciosa, teleférico... Todas essas palavras soam-me como palavras velhas...

A palavra mais feia no meu vocabulário é sovaco. Dá impressão de onomatopéia. Sou mais axila mesmo. Palavra mais educada é axila. Fala o que precisa sem fazer barulho, como sovaco.

A palavra mais bonita do meu vocabulário é inconstitucionalissimamente. É palavra grande, que enche o pulmão da gente de letras, explode a boca da gente de sílabas... Eu me lembro do meu irmão Gustavo dizendo inconstitucionalissimamente bem rápido para que eu errasse na hora de repetir. Depois vinha com Pindamonhangaba e um monte de palavras que eu não sabia falar com firmeza...

Palavras sempre brincaram na minha vida...
Mustafá!

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