sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Que cubram as vergonhas!


Eu nem devia ter olhado, porque a notícia já era velha... Mas eu vi. Quando me dei conta já estava lendo a reportagem de uma chacina em que várias pessoas estavam nuas, mortas... Brutalmente assassinadas. Era estranho sentir compaixão, dor e um misto dessas duas coisas ao mesmo tempo, por pessoas que eu sequer conhecia, que haviam morrido numa chacina noticiada numa revista de antes de 1981, ano em que nasci. Mas o que me impressionou não foi só isso. As tarjas pretas chamaram minha atenção.
Os corpos estavam nus, mas suas genitálias estavam protegidas pelas tarjas pretas.
Uma revista pode mostrar a brutalidade. Pode retratar a miséria em que aquelas pessoas viviam. Pode denunciar a injustiça, ou ainda, a justiça feita pelas mãos de civis. Pode revelar a insegurança que nos cerca há tanto tempo. Pode nos fazer sentir desprotegidos. Pode estampar o retrato de uma sociedade que não se preocupa com os marginalizados e que é reponsável pela existência da margem. Mas mostrar o sexo não era admissível! Como se se dissessem para aquelas pessoas: "foi mal tudo o que viveram vocês, nós nos desculpamos com essa tarja preta, com muito carinho e respeito"...
Que respeito? Somos uma sociedade que inverte valores como troca de roupas. Somos uma sociedade preconceituosa, que nos enche de vergonhas mas não deixa de cobrí-las.
Mustafá!
Bom findi!
Para relaxar:
"Não me deixe só
Tenho desejos maiores
Eu quero beijos intermináveis
Até que os olhos mudem de cor"
Não me deixe só - Vanessa Da Mata

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