
Fernando Pessoa
Não sei quantas almas tenho.
Não sei quantas almas tenho.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
***
Por falar em literatura, acontece em BH o 6º Salão do Livro de Minas Gerais & Encontro de Literatura. Vale a pena visitar! Eu vou!!!
Mustafá!
Figura: "O restaurador de almas" de Israel Zzepda.
Mustafá!
Figura: "O restaurador de almas" de Israel Zzepda.
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