
Era uma vez um menino que morava numa bolha de sabão. Outros moravam com ele também e, sendo essa bolha pequena, era natural que se soubesse das coisas boas e ruins que dentro dela aconteciam. Mas a bolha, como todas as bolhas de sabão, impunha limite. O limite é tênue, é verdade, mas o menino estava separado do que havia fora dela. Como se, pela transparência da bolha, ele observasse o que havia fora dela, mas dentro dela fosse a única opção de ambiente de vida.
Então ele vivia como viviam todos dentro da bolha de sabão, com a eminência da explosão, mas não se preocupando com ela.
Mas a bolha de sabão explodiu. Não a bolha que ele habitava, mas a bolha que nele habitava. Foi o menino procurar outras bolhas, outras águas e sabão. Descobriu que, por mais bonita que seja a bolha pairando pelo ar, esperando a morte rápida e instantânea, é preciso conhecer e reconhecer que o mundo não é o limite que lhe finge mostrar o que há fora, enquanto ela não é espelhada, portanto, não mostrando a realidade que dentro se impõe.O menino volta à bolha com certa freqüência e a admiração hora sentida por ela se transforma, pouco a pouco, como o encontro do sopro, da água e do sabão, em consciência crítica. Bolhas explodem com certa freqüência: quem está dentro delas precisa se preparar para viver fora dela, ou pelo menos acreditar na existência de outras bolhas...
Mustafá!
0 Comentários:
Postar um comentário