terça-feira, 30 de agosto de 2005

Bolha de sabão


Era uma vez um menino que morava numa bolha de sabão. Outros moravam com ele também e, sendo essa bolha pequena, era natural que se soubesse das coisas boas e ruins que dentro dela aconteciam. Mas a bolha, como todas as bolhas de sabão, impunha limite. O limite é tênue, é verdade, mas o menino estava separado do que havia fora dela. Como se, pela transparência da bolha, ele observasse o que havia fora dela, mas dentro dela fosse a única opção de ambiente de vida.

Então ele vivia como viviam todos dentro da bolha de sabão, com a eminência da explosão, mas não se preocupando com ela.

Mas a bolha de sabão explodiu. Não a bolha que ele habitava, mas a bolha que nele habitava. Foi o menino procurar outras bolhas, outras águas e sabão. Descobriu que, por mais bonita que seja a bolha pairando pelo ar, esperando a morte rápida e instantânea, é preciso conhecer e reconhecer que o mundo não é o limite que lhe finge mostrar o que há fora, enquanto ela não é espelhada, portanto, não mostrando a realidade que dentro se impõe.O menino volta à bolha com certa freqüência e a admiração hora sentida por ela se transforma, pouco a pouco, como o encontro do sopro, da água e do sabão, em consciência crítica. Bolhas explodem com certa freqüência: quem está dentro delas precisa se preparar para viver fora dela, ou pelo menos acreditar na existência de outras bolhas...
Mustafá!

0 Comentários: