Ontem, se estivesse viva, Elis completaria 60 anos... Talvez ainda cantaria hinos de juventude, talvez entoaria canções para a terceira idade, talvez cantaria ao lado de sua filha (e nós perceberíamos que elas nem se parecem tanto assim), talvez estivesse esquecida entre longplays velhos e empoeirados nessas lojas de discos antigos... Talvez...
Mas Elis foi sábia, morreu cedo, na flor da idade, no auge de sua beleza e carreira. Morreu de maneira trágica, vítima de seus próprios excessos, mas soube deixar saudade como ninguém... Tinha gestos radicais, cantava, sobretudo com a alma e sabia fazer com que as músicas calassem quem quer que a ouvisse cantar...
Pessoas especiais nos deixam cedo, passam simplesmente pela vida. Mas o fato disso acontecer não significa que passam desapercebidas. Ao contrário: são as que marcam presença, que deixam cravadas em nossas memórias momentos nossos que só ocorreram pela existência delas... São fundamentalmente especiais...
Artistas são ainda mais especiais e com Elis Regina não poderia ter sido diferente. Marcou a geração que viveu e sobreviveu os anos 60 com músicas que revelavam o desespero por liberdade de um regime militar autoritário e pouco crítico de seus atos.
“A esperança dança na corda bamba de sombrinha, e em cada passo dessa linha pode se machucar. Azar, a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar”.
O show de Elis continua e nunca terminará, porque sabiamente ela deixou o palco no meio de uma música, a música da vida. E nós, mesmo eu que não a vi cantar enquanto estava viva, continuamos a pedir bis, extasiados...
“Nosso ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não. Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém...”
Mustafás saudosos à Elis Regina! Fico feliz por ela fazer parte do Fundo de Gaveta de nossas vitrolas...
0 Comentários:
Postar um comentário