quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ver, ouvir, pensar, calar...

Eu sempre tenho medo de falar de religião. Acho sempre arriscado julgar, com um olhar externo, os rituais que não pratico, os ritos que desconheço. Assistindo à novela Caminho das Índias, percebo-me rindo de alguns costumes nela representados, principalmente aqueles que confundem - ou fundem - religião e vida comum. Parece cômico aquilo que me é estranho. Talvez seja verdade a máxima da frase de Sampa, de Caetano Veloso: "é que Narciso acha feio o que não é espelho".
Recebi um email de um amigo hoje me indicando um blog: http://cleycianne.blogspot.com/. Nos primeiros cinco minutos eu ri demais e achei super engraçado. Distanciei-me um pouco. Passei a ter vergonha pela menina convertida. Distanciei-me mais ainda. Passei a ter asco sobre o que ela escrevia... Tenho vergonha, inclusive, de indicá-lo.
Estranho perceber que seres-humanos usam de suas religiões para dar voz àquilo que pensam. Fazem julgamentos com palavras bíblicas, condenando situações ou ações, quando na verdade sequer colocam Deus, Jesus, Jeová ou o que queiram, diante daquilo que julgam. Se o fizessem, provavelmente seriam menos preconceituosos. Se o fizessem, efetivamente, desistiriam de qualquer julgamento.
Pessoas assim se protegem com uma verdade presumida, distanciam-se de um mundo ao qual denominam "normal" e vivem como se nele não estivessem inseridas apontando as diferenças, condenando-as...
Nossos sorrisos diante da vaca da Índia querem dizer o mesmo. Esquecemos que o filho de Deus que acreditamos, era filho de um carpinteiro. Cômico, se não aliarmos ao que vemos àquilo que acreditamos.
Religião é fé, não julgamento. Fé cada um tem a sua...

Por falar nisso, li, recentemente, o livro "A cabana". Acho que é um livro pra ser lido em alguns momentos da vida em que se precisa de uma palavra de conforto. Fala de crença. Não é o tipo de leitura que me agrada, pois é o tipo de livro que quer dizer o que é certo, separando-o do errado, como se as duas coisas existissem. Mas recomendo a leitura. De qualquer forma é mais instrutivo do que o blog que indiquei acima. A Fer, a quem presentiei com o título em questão, fez maiores comentários sobre o livro.

Mustafá!

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