Eu sempre tenho medo de falar de religião. Acho sempre arriscado julgar, com um olhar externo, os rituais que não pratico, os ritos que desconheço. Assistindo à novela Caminho das Índias, percebo-me rindo de alguns costumes nela representados, principalmente aqueles que confundem - ou fundem - religião e vida comum. Parece cômico aquilo que me é estranho. Talvez seja verdade a máxima da frase de Sampa, de Caetano Veloso: "é que Narciso acha feio o que não é espelho".
Recebi um email de um amigo hoje me indicando um blog: http://cleycianne.blogspot.com/. Nos primeiros cinco minutos eu ri demais e achei super engraçado. Distanciei-me um pouco. Passei a ter vergonha pela menina convertida. Distanciei-me mais ainda. Passei a ter asco sobre o que ela escrevia... Tenho vergonha, inclusive, de indicá-lo.
Estranho perceber que seres-humanos usam de suas religiões para dar voz àquilo que pensam. Fazem julgamentos com palavras bíblicas, condenando situações ou ações, quando na verdade sequer colocam Deus, Jesus, Jeová ou o que queiram, diante daquilo que julgam. Se o fizessem, provavelmente seriam menos preconceituosos. Se o fizessem, efetivamente, desistiriam de qualquer julgamento.
Pessoas assim se protegem com uma verdade presumida, distanciam-se de um mundo ao qual denominam "normal" e vivem como se nele não estivessem inseridas apontando as diferenças, condenando-as...
Nossos sorrisos diante da vaca da Índia querem dizer o mesmo. Esquecemos que o filho de Deus que acreditamos, era filho de um carpinteiro. Cômico, se não aliarmos ao que vemos àquilo que acreditamos.
Religião é fé, não julgamento. Fé cada um tem a sua...
Por falar nisso, li, recentemente, o livro "A cabana". Acho que é um livro pra ser lido em alguns momentos da vida em que se precisa de uma palavra de conforto. Fala de crença. Não é o tipo de leitura que me agrada, pois é o tipo de livro que quer dizer o que é certo, separando-o do errado, como se as duas coisas existissem. Mas recomendo a leitura. De qualquer forma é mais instrutivo do que o blog que indiquei acima. A Fer, a quem presentiei com o título em questão, fez maiores comentários sobre o livro.
Mustafá!
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