quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Nas molduras


O interessante do roubo do MASP é a confusão de valores. Não inversão. Confusão é a palavra, mesmo sendo polissêmica.


Os rapazes, aparentemente simples, sem conhecimento sobre obras de arte são os criminosos. O país, aparentemente sem preocupação cultural nenhuma, comovido pelas obras roubadas do museu. As obras, quando roubadas, depositadas em lugar úmido cobertas sem cuidado algum. As obras, quando recuperadas, sendo escoltadas por 100 - esse é o número! - policiais, fotografadas a esmo e, depois, transportadas até o museu acondicionadas em temperatura e umidade ideais. Os ladrões, com algemas nas mãos e nos pés, como se fosse humano roubar, como se fosse humano prender, como se fosse humano expor as pessoas em tal situação, como se fosse humano tratar homens como bichos.


Vendo e lendo as reportagens não há o que pensar. Ter pena das obras ou dos ladrões? Da cultura ou da justiça? Suspirar por Portinari e Picasso ou pela irregularidade do museu?


Talvez só Suzzanne Block e o Lavrador, que presenciaram tudo, desde o início, tenham respostas.


Mustafá!

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