terça-feira, 4 de abril de 2006

Lágrimas a declarar...


Uma frase ecoa ainda em minha mente. Uma menina segura uma pistola prateada na mão e diz: “a gente tem que escolher o caminho do bem ou o do mal. O caminho do mal é mais fácil”.

Sei que faz tempo, mas é preciso tempo para assimilar alguns fatos. O Programa do Fantástico mostrou, dias atrás, a reportagem de MV Bill sobre as crianças e adolescentes que estão envolvidos no tráfico.

A menina talvez não tenha percebido que a ela não foi dada a opção de escolher o caminho do bem. Por isso é fácil seguir o caminho do mal, pois ele é único. Talvez ela não tenha parado para pensar que no caminho do mal ela corre riscos diários de ser morta, de ser presa, de se envolver com pessoas mais perigosas que ela... Enfim: o caminho do bem seria mais fácil a essa menina, caso ela o conhecesse. Aos sete anos ela começa a se preocupar com seus inimigos da boca de fumo. Ela não percebeu que ela deveria estar na escola, brincando, sendo feliz...

Qualquer julgamento que se faça a essa menina é hipocrisia. Ninguém conhece ao certo – talvez nem ela mesma – a estória de vida que teve. As perdas com as quais teve que conviver, as ruas escuras por onde anda mal acompanhada... Definir o caminho do bem, nesse caso, é quase impossível, pois isso só seria possível com a reconstrução dos ideais de sociedade, de família, de justiça no país em que ela vive.

A menina aponta uma arma, sem saber que o faz para si mesma. Sem saber que o faz não para seus inimigos, mas para a sociedade que a gerou.

Nós? Estupefatos ficamos e ficaremos. É o que nos resta. Assistir o caminho do mal ser exibido no domingo a noite, com a preguiça da segunda-feira e ainda por cima dizer: é fantástico!

Mustafá!

0 Comentários: