segunda-feira, 10 de abril de 2006

Ampulheta


Estou aprendendo com o tempo a esperá-lo.
Ele será minha lição e meu professor.

Dói, faz bunda quadrada esperar o tempo sentado.
Cansa, faz pé latejado andar de um lado ao outro, esperando o tempo andar depressa.
Faz vista cansada olhar para o relógio e perceber que minuto vigiado não anda.
Barriga gela na ansiedade dos ponteiros lentos, na ânsia de ver dia indo e vindo e nada resolvido com clareza.
Eu consigo ouvir, com certeza, o barulho das areias contando o tempo...

Tenho medo que relógios percam o sentido para mim e para minha família, mas é preciso esperar a informação que o relógio tem para me dar. Horas fazem sentido quando há eminência de perdê-las.

Tenho raiva das horas que não aproveitei. Era tempo correndo solto. Tempo que não se corre atrás, porque ele já correu na frente. Tenho raiva das horas que perdi procurando outros tempos que não me pertenciam.
Tenho medo de não recuperar certos momentos. Momento é tempo bom. Mas posso inventar outros. Se o tempo me permitir.

Tenho que acertar os ponteiros com a vida, mas isso demandará tempo. É de tempo que preciso.

É preciso obedecer o tempo das coisas. Esperar brotá-las, mesmo que para isso tenha muita chuva, falte raio de sol. Tempo é tempo e ele é quem decide o tempo.

Mustafá!

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