SAC

:: SAC 6 ::

A enfermeira maldita

Sexta-feira resolvi tomar a vacina contra a gripe H1N1. Fiquei no maior medo de não acordar no dia seguinte, de nunca mais mexer o braço direito, de começar a regredir até ficar bem pequenininho, de pegar essa meleca dessa gripe suína, que não é de porco... Até aí tudo bem, todo mundo que me conhece sabe das minhas neuras com doença. Só que fui me vacinar na Drogaria Araújo - que se ofereceu para ser um posto de vacinação - e a atendente era uma enfermeira da prefeitura de BH. Até aí morreu bahia. Quando fui me vacinar a atendente me pergunta:

- Quantos anos, senhor Leandro?

- 28.

- O prazo para a sua vacinação já passou...

- Mas é que eu ia me vacinar na ALMG e eles não conseguiram comprar a vacina...

- Não, não, não, ninguém pode comprar essa vacina...

- Daí eu ouvi uma notícia no rádio dizendo pra todo mundo vir se vacinar independente do prazo... Aí eu pensei que o prazo também não era importante uma vez que não ter a doença é o que verdadeiramente importa e até porque nem atingiram as metas de vacinação, não é?

- Não, senhor Leandro, para o Ministério da Saúde os prazos são muito importantes...

Ela era cínica de um tanto, que eu não sabia se eu voava no pescoço dela, ria do Ministério da Saúde e sua preocupação com prazos ou se eu mesmo pegava a vacina e aplicava em mim... Daí o ser mais arrogante que se habita em meu espírito disse:

- Cumpra a sua mais nobre tarefa no mundo, que é me vacinar... dos prazos cuido eu e o Ministério!

Aí ela veio com aquela cara de Nazaré pra cima de mim e eu tive a brilhante ideia de não aceitá-la como enfermeira e pedi para que a amiga dela que se escondia atrás de um biombo fizesse a aplicação pra mim. Ela, por sua vez, muito simpática em um segundo cumpriu seu dever e me devolveu um sorriso.

Pensei que fosse morrer e encontrar com a primeira enfermeira no inferno. Mas não, to aqui pra contar tudo...

Ah, Ministério prorrogou o prazo de vacinação. Tá valendo pra todo mundo ainda! Corre lá!

Mustafá!