segunda-feira, 7 de julho de 2008

Choro fardado


Por quê chora pobre jovem tenente? Chora pela sua esposa? Pelo seu casamento recente e já conturbado? Chora pelo seu filho? Pelos choros do recém nascido que, de noite, não pode ouvir?




Achei que chorava pelas mães da Providência, pelas mães da Mineira. Acreditei que chorava pelos meninos das duas favelas, pelos filhos que eles nunca terão, pelos namoros que lhes foram roubados, pelo brilho nos olhos que tinham agora ofuscados pelas dores das torturas dos traficantes. Achei que chorava pelos "sustos" que os cidadãos moradores de favelas desse país desolado sofrem diariamente. Imaginei que chorava pelas vidas que nascem fadadas ao descaso, ao desconforto, ao descompasso, ao desperdício, ao martírio, à impunidade, à injustiça...




Pobre, pobre tentente. Aprendeu somente a respeitar ordens, nada mais. Faltou a lição da vida, que se aprende vivendo. Ausentou-se da aula do afeto pelo ser humano, que se aprende amando... Achou que sabia o que era respeito, mas carregou na mão, achando que só com ela se faz justiça. Justiça... Palavra que não pertence ao seu vocabulário. Respeito... Palavra que desconhece.




Suas lágrimas não são capazes de silenciar os choros das mães dos meninos que tiveram suas vidas decepadas. Suas lágrimas são, sequer, capazes de convencer a você mesmo.




Tenho medo do que podem fazer seus colegas.




Mustafá!

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