segunda-feira, 31 de março de 2008

Ilmo. Sr. Aedes Aegipty

Escrevo-lhe essas mal traçadas linhas para manifestar meu descontentamento com suas aparições. De uns tempos pra cá, caro amigo, você virou personalidade nunca ausente no noticiário nacional. Que você faça suas vítimas, tudo bem, eu até lá entendo. Mas que você faça desse país a sua vítima preferida, não posso acreditar!
Tudo bem que você ponha a mostra as feridas de suas picadas, mas expor todas as nossas feridas sociais? Isso não é coisa de mosquito que se preze...
Picar o menino carente na favela tudo bem, mas daí fazer com que a mãe dele saia anunciando na TV que não tem dinheiro para comprar comida, quanto mais remédio, é o cumulo! E se ela anuncia que o atendimento do SUS, na maioria das vezes, não funciona? Como nós ficamos? Como fica o presidente-do-bolsa-família?
Você quer virar uma celebridade instantânea e por isso picou até Luciano, o Hulck?
Surgir uma vez ou outra em nossos jardins até que vai, mas como você explica sua aparição na cidade maravilhosa com tamanho entusiasmo? Está querendo dizer que somos cidadãos de araque? Que fingimos eliminar a água parada, jogar fora os pneus e garrafas sem utilidade, tampar a caixa-d'água? Quer dizer que somos irresponsáveis? Que, ao não preocuparmos com nossa própria saúde, estamos colocando em risco toda a população? É isso?
Se for, velho conhecido, diga logo que eu quero saber. Quero saber como lidar com esse problema que é você. E que por ser você, somos nós...
Quero saber como lidar com essa doença que você causa, que é dos países situados abaixo dos trópicos que, por sua vez, também serve para delimitar nosso subdesenvolvimento. É você que causa tal subdesenvolvimento? Me diga, sinceramente...
Achei que você estivesse nas florestas tropicais, na Amazônia, quem sabe... E, ao descobrir que as florestas tropicais inexistem e que a Amazônia talvez nem seja mais aqui, descobri que você não está distante. Nós é que estamos...
Mustafá!

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