terça-feira, 20 de junho de 2006

Sonho de duas rodas...


Essa noite eu sonhei com uma bicicleta verde que a gente tinha lá em casa. Não essas bicicletas que o consumo vende hoje em dia... Uma bicicleta verde musgo, sem marcha, com uma seleta de pano e garupeira. A garupeira era uma beleza!
A bicicleta era do Bruno, meu irmão mais velho, mas todos nós, meus irmãos e eu, herdamos em algum momento aquela imensidão de bicicleta. Era bicicleta boa da gente buscar leite na casa do tio Luiz, a casa mais longe que a gente podia ir quando era criança. Todo dia ia com a lata leve e vazia e voltava com a lata pesada de leite. Andava com a lata pesada naquele caminho que fazia a casa do tio Luiz ainda ficar mais longe, depois que passava a porteira da estrada. Bicicleta era bom para fugir dos cachorros do tio Luiz. Era viagem chata e monótona. Mas, se ia de bicicleta já era meio caminho andado. Aliás, era caminho não andado. Punha-se a leiteira na garupeira e ia. Ia e voltava.
Era bicicleta boa de, nas férias, pedir para o Rodrigo ir levando todo mundo pelo asfalto até bem perto de São Sebastião. Íamos os quatro na mesma bicicleta: Rodrigo, Fábio, Gabriel e eu. Descia-se correndo nos morros e, nas subidas, como não podia ser tanta a força do Rodrigo, a gente ia a pé mesmo... Depois era ficar quieto e guardar a felicidade de ter chegado bem próximo a outra cidade de bicicleta. Adultos não sabem que criança não morre de felicidade e tinham medo da gente morrer no asfalto.
Depois de um tempo a bicicleta deu sinal de cansaço. Ficou encostada num canto da horta. Tomou sol, chuva... Só hoje me dei conta de que ela sumiu... Virou sonho...
Mustafá!

0 Comentários: