quarta-feira, 13 de julho de 2005

Diálogo, ou melhor, um monólogo com a terceira idade

Hoje, quando vinha embora do trabalho, estava reclamando com minha vida sobre a “sem-gracesa” que ela tinha se tornado e pela falta de tema que por conseqüência ocorria no blog.

Parei no ponto de ônibus e nem me dei conta de que o tema estava ali ao meu lado. Um motorista com dificuldades para estacionar e minha “amiga” da terceira idade dispara:

- Nossa, imaginou se tivesse espaço? Que dificuldade ele tem para estacionar, hein? É por isso que eu nem saio mais de carro, parei de dirigir, tenho que dirigi para quem vai à minha direita, à minha esquerda, à frente e atrás!

Eu não consegui dizer uma palavra sequer, porque ela fechava os olhos e emendava:

- Aliás andar na rua também é cansativo. Eu sou do tempo que se andava nos passeios como se andava nas ruas de carro. Cada um na sua mão. Eu ando bem encostada, para que ninguém consiga me ultrapassar pela direita...

E ria, como se ser metódico fosse engraçado.

- Eu tenho raiva quando, numa esquina, dou de cara com desavisado que não sabe nem andar nas calçadas. Aí eu paro, firmo o pé e espero que ele bata em meus ombros e, de preferência, vá parar no meio da rua...

Eu comecei a ficar com medo daquela “guardiã dos bons costumes do trânsito no passeio”.
Meu ônibus chegou. Por um instante achei que fosse ter que me assentar perto daquela senhora, cuja velhice significava rancor, contrariedade e outras manias que não listo aqui. Mas não, entrei sozinho no ônibus e a deixei esbravejando outras coisas que não têm importância. Carreguei comigo a certeza que os exemplos de velhice que tenho em casa são bem melhores e que o conceito de ranzinza tinha, enfim, personificado-se.
Mustafá!

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