quinta-feira, 7 de abril de 2005

O significado pelo significante

Odeio receber e-mails com textos com frases conhecidas, tentando criticar o mundo, reorganizar a paz nas nações, explicar sentimentos... enfim: um acumulado de clichês com pretensões inatingíveis... Acho que não sou o único, uma vez que as pessoas passaram a criar artimanhas para que as mensagens sejam aceitas, uma vez que o conteúdo não colabora...

A artimanha que mais me irrita é creditar a personalidades conhecidas do mundo político, social ou cultural, textos que, de longe, foram escritos por eles... O jornalista Arnaldo Jabor, os escritores Érico Veríssimo e Mário de Andrade, são as vítimas preferenciais, pelo menos nos e-mails que me chegam... Até Shakespeare já teve seu nome creditado em um texto cuja linguagem deve ser de 2050 e não de 1600, época em que seus textos foram escritos...

Tal atitude me leva a pensar que as pessoas gostam dos textos não pela mensagem que passam, ou pela reflexão que suscitam, mas sim pela pessoa que os escrevem. Grande besteira! Quantos bons textos seriam perdidos só por seus autores não estarem nos noticiários da Globo, nas listas de “Mais vendidos” da Veja, ou na lista de clássicos reconhecidos mundialmente... Isso é pré-conceito, é subestimar a capacidade das pessoas e não deixar que elas mostrem por quê vieram ao mundo... Shakespeare também foi um Zé Ninguém algum dia na vida...

Pior ainda é, algum desavisado, acreditar que um amontoado de bobagens foram escritas por um renomado colunista da Folha de São Paulo. Volto a técnica da “caradeconteúdo”: o leitor, sem fazer uma análise crítica do texto, baseado pelo autor, começa a elogiar e fazer elocubrações tão insanas quanto as lidas... É o fim, é a pirataria das idéias...
Dêem uma olhada num trecho de um texto que me chegou: “Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; Quem não levanta a voz, mas fala; Quem não concorda, mas escuta...” Sabe quem escreveu isso? Arnaldo Jabor!!! Hahahah, me engana que eu gosto...
Mustafás indignados...

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