segunda-feira, 21 de março de 2005

Roubando palavras de Clarice

Assaltei outros Fundos. Ela já tinha dado nome a esse mesmo, lembram? Veja a apresentação desse blog se não lembram ou se não viram... Gostei dessa poesia e não dividi-la com os leitores do Fundo de Gaveta seria me furtar de alguma coisa que ainda não sei... Talvez contentamento... Quem já leu Clarice Lispector sabe o que é: algo entre o "não entendi muito bem" e "gostei muito"... É isso mesmo, a vida é complexa, os sentimentos também o são, porque não seriam as escritoras??? Vejam:
A Perfeição
(Clarice Lispector)

O que me tranqüiliza é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.

O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.

Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas.

Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.
Mustafás literários!

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